Quando se fala em morar em São Paulo, a imagem que normalmente se forma na mente é a de uma selva de pedra: arranha-céus a perder de vista, nuvens baixas de poluição e uma insistente garoa a regar as avenidas. Cinza completo.
Não deixa de ser uma visão condizente com essa que é a maior metrópole sul-americana — a menos, é claro, que se viva em um bairro como o Morumbi. O endereço nobre da zona sul apresenta uma realidade bem diversa do clichê descrito acima, com índices de qualidade de vida que fazem do bairro um dos mais desejados para se morar.
Amplas vias arborizadas, antigos casarões e condomínios modernos compõem a paisagem do Morumbi, um dos últimos bairros a serem urbanizados em São Paulo. De pioneira fazenda de chá no início do século 19, passando pelo impulso demográfico dado pela construção do estádio Cícero Pompeu de Toledo, no fim dos anos 1950, e pela mudança da sede do governo estadual para o Palácio dos Bandeirantes, em 1964, o Morumbi consolidou seu perfil residencial, o que atrai pessoas que buscam centralidade, infraestrutura completa, valorização imobiliária, mobilidade e generosa oferta de comércio e serviços.
De quebra, existe uma variedade significativa de parques e áreas verdes à disposição de quem cultiva o contato íntimo com a natureza, ainda que imerso no ambiente urbano. De extensas áreas propícias a atividades ao ar livre e períodos de lazer em família a pequenos e contemplativos espaços convidativos a uma pausa para a leitura, o Morumbi viceja em vida, deleite e ar puro. Do concreto à mata, é praticamente um pulo de distância.
Essa, sem dúvida, é uma das vantagens de se morar no Morumbi. Mas talvez você não esteja tão habituado com a topografia do bairro, a ponto de perder alguns de seus principais atrativos. Para solucionar esse desperdício, no post de hoje faremos um tour por alguns dos mais celebrados oásis de natureza e bem-estar presentes nessa região. Começando pelo….
O bucólico parque Burle Marx foi originalmente uma chácara, chamada Tangará, adquirida pelo empresário Francisco Matarazzo “Baby” Pignatari nos anos 1940 com o objetivo de torná-la sua residência e da esposa Nelita Alves Lima.
Baby contratou Burle Marx para projetar o jardim, enquanto que a casa ficou a cargo de ninguém menos que Oscar Niemeyer (mas a obra não foi concluída, devido a um imbróglio conjugal envolvendo Pignatari e uma princesa italiana; o imóvel foi demolido, dando lugar a um hotel).
Abandonada, a área se tornou um parque público nos anos 1990, administrado pela Fundação Aron Birmann, e o jardim passou por um plano de restauração, novamente executado por Burle Marx. A paisagista Rosa Kliass assinou o projeto do parque em si, integrando as melhorias ao trabalho do premiado colega.
Com aproximadamente 138 mil metros quadrados, o parque atualmente abriga uma importante diversidade de fauna e flora nativa, remanescente de Mata Atlântica, além de equipamentos destinados ao público que aprecia a natureza, como gramado central, playground, foodpark, trilhas na mata, horta comunitária, lagoas e área para recreação de pets (que não são permitidos no parque).
Trata-se de um espaço adequado ao descanso, às caminhadas em meio ao verde e à contemplação. Atividades que requeiram maior agitação, como passeios de bike e bate-bolas no gramado, são vedadas. Saiba mais aqui.
Tal como o parque Burle Marx, o Alfredo Volpi abriga, em seus quase 150 mil metros quadrados de extensão, uma parte significativa do que sobrou da Mata Atlântica na região metropolitana de São Paulo. Isso faz com que o local seja um refúgio perfeito para os amantes da natureza em seu estado original. E o melhor: não é necessário dirigir por horas para encontrar toda essa exuberância. Está bem aqui, no Morumbi.
Originalmente parte da mesma fazenda de chá que deu origem ao bairro, o Alfredo Volpi foi inaugurado em abril de 1971. Em 2017, a Prefeitura de São Paulo passou a administração do parque à iniciativa privada. Além da considerável biodiversidade, com a presença de mais de cem espécies de animais — a maioria aves —, e mais de 300 espécies da flora nativa — algumas ameaçadas de extinção, como o cedro —, o local abriga lagos e nascentes de água e está equipado com trilhas pela mata, mesas de piquenique, aparelhos de ginástica e playground.
É possível caminhar pelo local e até esticar uma corrida. Um pouco mais liberal que o Burle Marx, o Alfredo Volpi aceita animais de estimação — desde que mantidos na coleira por seus donos. A Estação Cidade Jardim (linha 9) da CPTM é o principal acesso ao parque. Confira as atuais regras de visitação aqui.
Próximo ao Palácio dos Bandeirantes, temos a praça Vinicius de Moraes, outro endereço sob medida para quem curte recarregar as energias em contato com a natureza. Colado à avenida Giovanni Gronchi, o lugar é bem arborizado, com bosque e pequenos lagos, e servido de uma pista que circula seus aproximados 1.500 metros de extensão, o que proporciona um incentivo a caminhadas leves ou esticadas de pernas mais intensas pelo local. A cenografia contribui para deixar a atividade mais prazerosa.
O parque também é bastante requisitado pelas famílias, que aproveitam momentos de folga para passear com as crianças ou animais de estimação, encontrar os amigos, bater papo e namorar. Aparelhos de ginástica, mesas de piqueniques, bebedouros, conexão Wi-Fi e até rampas de skate compõem a infraestrutura do parque. Também há uma estátua de 3,6 metros de São Paulo, o apóstolo, esculpida pelo italiano Galileo Emendabili (1898-1974) para o visitante apreciar. Encomendada ao artista pelo então governador Adhemar de Barros em 1964, a peça de bronze de 4 toneladas foi instalada na praça em 2007.
Vale destacar ainda que, anexa à Vinicius de Moraes, encontra-se a Praça dos Cachorros, cantinho exclusivo para o pessoal que não dispensa uma companhia canina.
A simpática Praça do Poeta andava caída até que, em outubro de 2017, moradores do Real Parque se uniram para revitalizar o local, que possui uma vistosa cobertura vegetal. A comunidade adotou a praça e promoveu melhorias, como a instalação de equipamentos de ginástica, espaço de convivência e parquinho — além de enfeitar os degraus da escadaria existente com mosaicos, tendo por tema um dos poemas mais conhecidos de Drummond de Andrade (1902-1987): “No meio do caminho” (1928).
Devido a esse gesto de carinho, a praça voltou a ser um ponto frequentado do bairro, charmoso e adequado ao relaxamento em meio à natureza, à leitura de um bom livro e ao passeio matinal com o pet.
Esses são apenas alguns exemplos do que o Morumbi tem a oferecer quando se trata de parques e praças arborizadas. O bairro se identifica com o verde e está pontuado de lugares de convivência que exalam saúde e bem-estar. Um convite a sair de casa, esticar as pernas e confabular com vizinhos nesses tempos em que a vida ao ar livre é mais do que recomendada. É necessária.
Esperamos que o post de hoje tenha sido como um bafejo de frescor e um incentivo para espantar a preguiça. Mais do que isso, um desafio a conhecer outras vantagens de se morar no Morumbi. Uma delas, inclusive, a gente apresentou neste post: a gastronomia. O bairro é um prato cheio para quem aprecia a boa culinária. Não deixe de conferir!
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