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Entenda melhor a psicologia das cores

Psicologia das cores

Eis que, dia qualquer, a gente precisa levar o filho a uma consulta médica. A perspectiva de tomar uma injeção, ainda que remota, não o deixa feliz. Definitivamente, ele não quer saber nem de entrar no carro.

Alguma persuasão depois, chegamos ao consultório médico. O terror do garoto, até aqui, só aumentou. Porém, ao adentrar a sala, o inesperado acontece: ele parece um pouco mais resignado. Na verdade, até relaxou. Algo no ambiente é o responsável por essa mudança. De fato, há uma atmosfera de calma no ar.

O menino decididamente não percebeu (e a gente talvez também não), mas o motivo dessa alteração de humor estava nas paredes: sua cor foi deliberadamente usada para promover o clima de tranquilidade que o envolveu.

Artes da psicologia das cores. Grosso modo, é um ramo de pesquisa que analisa a maneira como as cores são interpretadas pelo cérebro humano. De acordo com esse estudo, relacionamos sentimentos e sensações a determinadas cores. Aquela história de que o vermelho estimula a paixão não é mera figura de linguagem.

Até algum tempo atrás, esse tipo de coisa só interessava a artistas visuais e estudiosos da cromoterapia. Mais recentemente, a psicologia das cores ganhou força como ferramenta de marketing e na decoração de interiores.

Designers e decoradores começaram a considerar o efeito que determinada paleta teria na percepção do ambiente e a realizar seus projetos levando em conta o objetivo que cada área deveria cumprir: se mais relaxante ou mais estimulante, se propício ao trabalho e à criatividade ou ao descanso.

Por isso que, ao entrar em um consultório médico, costumamos encontrar ambientes assépticos, revestidos de cores claras e calmantes. E também por isso que nos sentimos atraídos por determinados lugares, em detrimento de outros.

Portanto, entender a influência das cores em nosso estado de espírito é importante na concepção da decoração do lar. Vejamos, então, como interpretar (e utilizar) as paletas mais em voga atualmente.

Preto: soturno e elegante

Antes de partir para a questão prática, vale destacar que a razão pela qual gostamos dessa cor e não daquela depende de fatores subjetivos, da experiência pessoal e de outras variáveis. Ou seja, nem sempre o que funciona para A funciona para B.

Mesmo assim, o cérebro age segundo padrões, o que nos dá uma boa margem de acerto.

Dito isso, vamos ao que interessa — a começar pelo indefectível preto.

Trata-se de uma cor (na verdade, ausência dela) associada ao luto e ao pesar, introspectiva e triste. Entretanto, ela adquire novo significado na decoração de interiores quando usada de maneira pontual, apenas para destacar alguma parede ou elemento da decoração ou, ainda, em contraste com um tom oposto.

Dessa forma, ela parece sóbria e elegante, ideal para estilos decorativos modernos e requintados.

O cuidado a se ter é com o tamanho do ambiente: como retém toda luz que incide sobre ele, o preto tende a fazer o cômodo parecer menor.

Em resumo, use-o com parcimônia.

Cinza: o tom da vez

Subindo um pouco a escala temos o cinza, um tom presente em boa parte dos projetos de decoração atuais em razão de sua versatilidade. Adeptos de estilos em voga, como o industrial, o escandinavo e o rústico o usam com frequência.

Trata-se, portanto, de uma cor contemporânea, que combina perfeitamente com tons quentes, como vermelho e amarelo, com toques de rosé gold e que, misturada ao branco, concorre para criar ambientes acolhedores, agradáveis e muito tranquilos. Por isso, a combinação é especialmente indicada para a composição de quartos e salas.

Ou seja, é um verdadeiro curinga.

Branco: imbatível

Vira e mexe, voltamos ao branco. Seja porque ele promove uma sensação de amplitude e oferece melhor aproveitamento da luz natural, seja pela calma e frescor que inspira. O resultado é que, na dúvida, acabamos optando por ele.

O branco funciona muito bem quando o objetivo é criar uma decoração clean, com muito espaço sobrando. Isso significa ambientes modernos, que transmitem suavidade e delicadeza.

O excesso de branco nas paredes e móveis, por outro lado, pode sugerir tédio. Nesse caso, convém investir em acessórios, como almofadas e pufes, em cores vibrantes, para criar um contraste e energizar o local.

Outra combinação igualmente apreciada é o clássico preto e branco. Entre os valores que estão associados a essa composição, temos a ideia de limpeza, frescor e elegância.

Amarelo: otimista e luminoso

Tom quente associado à criatividade e ao otimismo, o amarelo oferece aquela dose de energia para tocar os projetos do dia a dia e também para realçar detalhes de seu décor.

É uma cor charmosa que cai bem em ambientes com personalidade vintage, com profusão de formas e cores, ou naqueles neutros que precisam de uma dose certeira de contraste.

O amarelo ainda oferece luminosidade, o que é interessante para potencializar a luz natural.

Claro que, como toda cor forte, ela pode gerar cansaço com o passar do tempo. Caso não se sinta à vontade para introduzir o amarelo de maneira ampla em sua decoração, experimente fazer pequenas intervenções. Em combinação com tons neutros, como o cinza ou o branco, fica espetacular.

Vermelho: apaixonante

A famosa cor da paixão também inspira confiança e dá um toque de glamour ao ambiente, quando usada com moderação — em contraste com o branco ou cinza, por exemplo.

Além disso, sua paleta oferece possibilidades decorativas modernas, especialmente nos tons mais terrosos. A contraindicação está no uso extensivo: se desandar a pintar paredes de vermelho, é provável que deixe o ambiente cansativo em pouco tempo. Invista nos detalhes da decoração que você terá maior êxito.

Azul: calma e introspecção

O azul não aparece com tanta frequência em projetos de decoração, mas costuma causar excelente impressão sempre que usado. Não apenas pelo inusitado da situação, mas porque ele compõe ambientes tranquilos, como se chamasse a um bom descanso.

Sem contar que as variações de sua paleta criam decorações agradáveis e de muita personalidade. Por exemplo, se quiser ousar neste último quesito, experimente combinar o azul com o amarelo. Fica único.

E ainda temos o verde, com a sua inevitável associação com a natureza, o alto-astral do laranja, o calmante violeta e tantas possibilidades quantas combinações de cores são possíveis de fazer. Experimente variações de tons, alternâncias entre neutros e vibrantes, gradações de uma mesma paleta e tons pastéis.

Enfim, explore a psicologia das cores para deixar seu espaço condizente com a sua personalidade. E não deixe de considerar a finalidade de cada cômodo: se a ideia é relaxar, não faz sentido energizar o local com uma cor vibrante, não é mesmo? Sendo assim, use as cores com sabedoria.

E já que o assunto é cor, que tal considerar a possibilidade de adotar um teto colorido? Jamais pensou nisso? Bem, dê só uma olhada neste post e veja se a sugestão tem a ver com você. Boa leitura.